terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Obesidade infantil e exercício


A obesidade na infância está cada vez mais a apresentar-se como uma epidemia global. Nas últimas décadas duplicou a incidência da obesidade entre as crianças e adolescentes. Nos Estados Unidos aproximadamente 25% das crianças entre 6 e 17 anos são obesas ou apresentam risco de sobrepeso. A obesidade representa nos Estados Unidos a doença nutricional mais prevalente entre crianças e adolescentes. Nas nações em desenvolvimento, a obesidade coexiste com a desnutrição, provavelmente pela modificação dos hábitos e estilo de vida, que se tornaram mais “americanizados”.


Complicações respiratórias, como apneia do sono, asma e intolerância aos exercícios, são frequentes em crianças obesas e podem limitar a prática de actividade física e dificultar a perda de peso.

A obesidade parece ser condição familiar. Crianças com idade entre 3 e 10 anos com pais obesos têm o dobro de probabilidade de tornar-se adultos obesos quando comparadas com crianças obesas cujos pais não são obesos. Crianças de 1 a 2 anos com um dos pais obeso expressa um aumento do risco de obesidade em 28%. O status de obesidade infantil após os 6 anos correlaciona-se com obesidade na idade adulta; entretanto, a criança obesa antes dos 3 anos de idade não predispõe à obesidade na fase adulta.

O ambiente familiar influencia o desenvolvimento da obesidade na criança. Hábitos de ingerir “fast-food”, modificações da composição dos alimentos com ingestão de alimentos densos, ricos em gorduras, refrigerantes, porções de alimentos ricos em açúcar com altos índices glicéricos e aumento da porção das refeições são hábitos da família que podem levar à obesidade infantil. Pesquisas demonstram também que a inactividade da família prediz a inactividade da criança. A actividade física dos pais influencia a frequência de exercício dos seus filhos.


Tratamento


O tratamento da obesidade pode compreender três formas: comportamental, farmacológica e cirúrgica. Devemos entender que o tratamento comportamental é importante e deve acompanhar os outros métodos terapêuticos. Neste capítulo daremos ênfase ao tratamento comportamental. A tentativa de mudanças nos hábitos de vida das crianças obesas torna-se essencial, promovendo o estímulo para a prática de exercício físico, assim como estimulando a criança a realizar refeições mais saudáveis e bem equilibradas.
O tratamento da criança obesa não pode ser isolado da família. Programas de tratamento de crianças obesas que incluem múltiplos membros da família têm mais sucesso a longo prazo que programas que incluem somente a restrição alimentar da criança obesa. O tratamento de crianças obesas através de mudança de comportamento da família foi motivo de um estudo de seguimento por 10 anos. O estudo utilizou orientação da dieta, programa de exercício físico e mudança de comportamento. Os resultados indicaram que os efeitos positivos da terapia iniciada entre as idades de 6 e 12 anos poderiam persistir no adulto jovem.
Deve-se incluir na prática diária das crianças e adolescentes obesos movimentos espontâneos como brincar, correr, saltar, ir andando para a escola, etc. Iniciar uma alimentação mais saudável e equilibrada e, se possível, adoptar prática regular de actividades físicas programadas. Assim, estabelecer um incentivo maior para a aderência ao estilo de vida mais activo, incluindo desportos e modelos competitivos lúdicos.

A actividade física incentiva o compromisso da criança no controle alimentar e propicia a melhora da auto-estima. Quando comparamos a aderência de um grupo de 94 crianças obesas (IMC>95% para a idade) após cinco meses de tratamento comportamental, observamos que apenas 29% destas crianças alcançaram o final deste período. Destas, 30% pertenciam ao subgrupo de crianças que fizeram controlo alimentar, enquanto 70% faziam parte do subgrupo de crianças obesas que fizeram, além da reeducação alimentar, o exercício físico programado (três vezes por semana, uma hora por dia). Setenta e um por cento das crianças que iniciaram o programa não aderiram ao tratamento comportamental.

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